quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

BOM DIA AMIGOS!

Ante as farpas do mal, dá-nos paz e brandura,
Liberta-nos do ódio a alma pobre e insegura,
Rompe-nos os grilhões das heranças medievais...


E faze-nos sentir ao peito humilde e pasmo
Que mais vale gemer sob a cruz do sarcasmo
Que vencer e sorrir sob o aplauso das trevas!..
LOBO DA COSTA


Diante das injurias recebidas, sedes firmes nas vossas convicções de não revidar.
O mal se destroi com o bem, as trevas não vencem um coração que carrega dentro de si, a luz do perdão e do amor.
A consciência elevada entende que as criaturas que aqui convivem estão em franco processo de aprendizado, se despreendendo dos instintos animalizados do passado longínquo, mas tão presentes nas tendências inferiores a que se entregam.
Se sentes desajustado e condoído com essas manifestações, sinta-se feliz, pois já não faz mais parte dessa turba que ainda se comprazem nelas!

Que a paz de Jesus, seja o nosso objetivo.

Abraço
Angel



PARENTELA


Está no Evangelho de Mateus (12:46-50) que Jesus pregava a pequena multidão, em uma residência, quando foi informado de que sua mãe e seus irmãos o procuravam e desejavam falar-lhe.
Perguntou o Mestre:
- Quem é minha mãe e quem são meus irmãos?
E, indicando seus discípulos:
- Eis aí minha mãe e meus irmãos! Pois quem cumpre a vontade do meu Pai que está nos céus, esse é meu irmão, irmã e mãe.
Estranha essa reação de Jesus. Uma desconsideração para com sua família, particularmente sua mãe, por quem, em outras oportunidades, sempre demonstrou solicitude.
Sua primeira aparição na vida pública, nas Bodas de Caná, deu-se ao lado de Maria.
Sua última preocupação, na cruz, foi com Maria, que confiou aos cuidados do apóstolo João.
Melhor que ninguém Jesus conhecia e cumpria o dever de honrar pai e mãe, consoante o princípio divino enunciado na Tábua da Lei, o que, obviamente, implica dar-lhes atenção e deles cuidar.

Por que, então, essa aparente contradição?
Não é difícil definir o que ocorreu.
Suponhamos que eu estivesse em casa de amigos espíritas, falando a respeito da pluralidade dos mundos habitados.
Alguém avisa:
- Richard, sua mãe e seus irmãos estão aí fora e querem falar-lhe.
Soaria mal.
Mas se estivesse falando sobre os valores da fraternidade, considerando a existência da família universal, filhos de Deus que somos todos, então a observação surgiria como uma ilustração, sem causar estranheza.
É provável que assim tenha ocorrido com Jesus.
Como o episódio foi registrado fragmentariamente, a observação pode sugerir uma desconsideração com sua família.
Há várias passagens evangélicas em que temos dificuldade para compreender seu pensamento, que nos parece enigmático e obscuro justamente porque houve um registro precário, sem que saibamos das circunstâncias que ensejaram a lição das explicações posteriores que ofereceu aos ouvintes.

Família Espiritual e Família Carnal
Consideremos também o problema da afinidade. Explica Kardec, em "O Evangelho segundo o Espiritismo", que as palavras de Jesus sugerem que há uma parentela carnal e uma parentela espiritual.
Os parentes pela carne são aqueles que tem o mesmo sangue. Pais e filhos, irmãos e irmãs...
Não raro, embora vivendo sob o mesmo teto, atendendo a variados compromissos, estão separados pela diferença de aptidões, de tendências, de estágio evolutivo...
As ligações pela carne podem ser constrangedoras e atritantes, porquanto envolvem pessoas que devem caminhar juntas mas não entram em acordo quanto aos caminhos ideais.
Se não conseguem ajustar-se, exercitando entendimento, podem resvalar para a frustração e a rebeldia, transformando o lar em palco de lamentáveis dramas, onde se fazem presentes a traição, a agressão, a deserção...
Já a parentela espiritual é diferente. São Espíritos que se identificam nos mesmos ideais, nas mesmas tendências, nos mesmos desejos de realização superior, estabelecendo preciosos elos de simpatia e afetividade.
As ligações humanas podem romper-se com a morte, se determinadas apenas pelo sangue; mas as ligações espirituais, sustentadas pela afinidade, prolongam-se além-túmulo.
Formam famílias ajustadas e felizes, cujos membros ajudam-se sempre, cada vez mais unidos, embora atendendo, eventualmente, a compromissos distintos.
Pode ocorrer que um membro de nossa família espiritual não esteja reencarnado ao nosso lado, mas poderá ter assumido a posição de nosso mentor, o chamado anjo de guarda, que nos acompanha, estendendo sobre nós sua proteção e nos estimulando ao cumprimento de nossos deveres.
Quem melhor que o membro qualificado da família espiritual poderia desempenhar com maior dedicação e eficiência semelhante tarefa?
Objetivo da união  dos espiritos não afins é a Harmonização
Imagino a esposa pensando:
Agora sei por que é tão difícil conviver com aquela besta que se intitula meu marido.
Certamente é um inimigo do passado que devo aturar para ver-me livre dele um dia.
O marido:
Ainda bem que aquela megera que se faz mãe de meus filhos pertence apenas à família humana. Não precisarei me preocupar com ela quando o diabo a levar.
O filho:
Desconfio não existir nenhuma ligação maior com meus pais. São uns quadrados que só complicam minha vida. Logo que puder darei no pé. Quero distância...
Gente que pensa assim não entendeu bem o espírito da lição.
A convivência com a parentela carnal não é um mero exercício de forçada tolerância para que nos livremos dela um dia.
A finalidade maior é a harmonização.
Trata-se de aprendermos a conviver bem com os familiares, criando elos de simpatia e afeto, ainda que sejamos diferentes.
Se apenas toleramos aquele que está a nosso lado, guardando mágoas e ressentimentos, estaremos perdendo o nosso tempo e semeando dificuldades para o futuro.
Certamente todos gostaríamos de pertencer à família de Jesus. Para tanto, segundo suas palavras, é preciso cumprir a vontade de Deus.
Parece meio complexo, não é mesmo, amigo leitor?
Saber o que Deus espera de nós...
É assunto de uma vida para os filósofos.
É desafio de muitas bibliotecas para os pesquisadores.
Aqui entra a incomparável sabedoria do Mestre.
Em breve enunciado ao alcance de todas as inteligências, explica que cumprir a vontade de Deus é fazer pelo semelhante todo o bem que gostaríamos de receber.
Simples, não é mesmo?
Simples e eficiente, principalmente no lar.
Quando alguém se torna irmão de Jesus a família humana é invariavelmente beneficiada.
Ninguém consegue ficar indiferente a exemplos diários de abnegação e sacrifício, compreensão e renúncia, bondade e discernimento.
Quando, observando o Evangelho, deixamos de ver nos familiares a besta, a megera, o quadrado, e os enxergamos como a nossa oportunidade de colaborar com Deus na edificação de seus filhos, operam-se prodígios de entendimento em favor da mais gloriosa das realizações:
Integrar-nos todos na família universal.


RICHARD SIMONETTI
REFORMADOR, FEVEREIRO, 1997

AMEMOS OS INIMIGOS

Amar os inimigos não é ir ao encontro deles, abraçá-los e beijá-los. Amar os nossos inimigos, se os tivermos, ainda que supostamente gratuitos, é jamais lhes guardar ódio, é perdoá-los sem pensamento ou intenções ocultas, é nunca lhes opor obstáculo à reconciliação, desejando-lhes sempre o bem e até vibrarmos de contentamento, quando formos informados de um grande bem que lhes advenha; numa palavra, não guardarmos contra eles qualquer ressentimento.
Sempre que nos surpreendermos na emissão natural ou espontânea de um pensamento de amor, em favor de alguém que haja procedido mal para conosco, estaremos recolhendo, aí, o testemunho de um coração em processo de espiritualização. Que isto ocorra com todos nós.
Se porventura tivermos dúvida a respeito do vigor da Doutrina Espírita dentro de nós, de que modo conseguiremos dirimir tão amarga incerteza?
Bastará que consultemos a consciência, na intimidade de uma meditação para a qual roguemos a presença do divino Amigo de nossas almas, mais ou menos assim:
Quantas outras indagações poderíamos alinhar aqui relacionadas com os nossos propósitos sinceros de renovação espiritual, no sentido de nos sentirmos cada vez mais enriquecidos de traços positivos em nossa personalidade! Que anseio de olharmos bem fundo no interior de nós mesmos e não mais percebermos preocupantes sinais denunciadores da possibilidade de novas precipitações em desastrosas quedas!
- Como estarei aos olhos do Pai que me observa neste momento?
- Serei capaz de trair o meu próximo, que em mim confia?
- Serei capaz de mentir, ainda que premido por imensa necessidade, sabendo que, mentindo, prejudicarei o meu próximo?
- Serei capaz de praticar um ato desonesto, conscientemente?
- Serei capaz de negar a alguém aquilo que estiver ao meu alcance realizar?
- E quanto àquele que se positive meu inimigo, em função de sua conduta contra mim, serei capaz de negar-lhe perdão?
- E em se apresentando ocasião, serei capaz de prejudicá-lo?
- E dentro do movimento superior do Doutrina a que me julgo pertencer, em me sentindo incomodado por um companheiro, serei capaz de contra ele guardar ressentimento ou aversão?
Diz-nos Kardec que "aquele que pode ser, com razão, qualificado de espírita verdadeiro e sincero, se acha em grau superior de adiantamento moral".

Mas, já estará isento da influência solerte da vaidade que não suporta censura e das paixões que incitam o ódio?
Mais adiante, e no mesmo parágrafo daquele item 4, que se refere a Os bons espíritas, conclui o sábio lionês:
"Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral e pelos esforços que emprega para domar suas inclinações más."

Enquanto estivermos situados na condição de Espíritos errantes, nunca seremos santos no sentido lato que se vem dando a este termo, mas convém, recordando Pedro em sua 1ª Epístola (1:15), que sejamos santos em sentido restrito ao termo em sua acepção inicial latina Sanctus, isto é, sempre dispostos a lutar com todas as nossas forças a fim de que jamais venhamos a sofrer censura da própria consciência por não sabermos impor silêncio às nossas rivalidades e às nossas discórdias, permitindo que, em função delas, venhamos a causar dano à obra do Consolador.
Amar os inimigos importa também em zelar, portanto, pela respeitabilidade da Doutrina a que nos devotamos.
Pois seria tristíssimo para nós termos informação de que alguém que simpatizara com o Espiritismo, sem ser ainda espírita, haja se afastado de nosso meio ao perceber rivalidades e discórdias entre companheiros.
Se amar os inimigos é evangelicamente grandioso, não deixa de ser profundamente decepcionante para a consciência afastarem-se espíritas uns dos outros por magoa ou ressentimento.
Isso seria retorno ao nosso passado histórico, quando não dispúnhamos das luzes do Consolador prometido...

INALDO LACERDA LIMA

DO AMOR SENSUAL AO AMOR ESPIRITUAL



O amor é um tema tão importante para a vida humana que aparece em praticamente todo tipo de manifestação artística, cultural, religiosa ou científica.
A psicologia procura entendê-lo, explicá-lo, considera seus aspectos psicossomáticos e no entanto, influenciada pelo materialismo, vai pouco além da superfície.
A dificuldade pode estar no fato de se confundir sensação com sentimento, paixão com amor. 
As emoções, os sentimentos, são atributos exclusivos do ser imortal.
O corpo físico não os possui. É fácil concluir, portanto, que não se pode “fazer amor”; se faz sexo.
A mente se nutre dos próprios pensamentos, como o corpo de carne se nutre da matéria do mundo que o constitui.
O Espírito , de forma semelhante, se nutre de emoções, de sentimentos, cujos efeitos perduram por longo tempo.
Os sentimentos felizes contribuem para a saúde espiritual, mental e física da criatura.
Entretanto, é importante compreender que o amor é uma expressão geral para o conjunto de virtudes e não constitui uma virtude à parte. É uma conquista lenta e gradual na proporção em que o Espírito avança na acumulação de experiências, de virtudes, que no seu conjunto passarão a refletir a posição evolutiva daquele ser.

Amor-Síntese
A solidariedade, o altruísmo, a preocupação com o bem-estar do próximo enfim, são formas já avançadas de amor. Somente seres da estatura espiritual de um Jesus são capazes do amor-síntese, reflexo de seu grande avanço no campo do conhecimento e da moral.
Considerando a posição evolutiva média dos homens terrenos, esse amor-síntese ainda é uma meta a ser atingida. Ainda lutamos muito para sair do nosso egoísmo, da excessiva preocupação com nossos próprios interesses, e para a aquisição de virtudes básicas como a humildade e a caridade.
O amor civiliza o Ser
Freud, considerado o pai da psicanálise, escreveu que “no desenvolvimento da humanidade como um todo, tal como em indivíduos, somente o amor age como fator civilizador no sentido de que ele traz uma mudança do egoísmo para o altruísmo”.
Realmente, é por causa do amor em sua expressão mais elevada que certas pessoas se doam por completo a ideais, muitas vezes sacrificando a própria felicidade e existência.

Amor e Paixão
Na realidade, o amor verdadeiro é calmo, pleno em si mesmo, gratificante; não é possessivo nem limitador.
Paixão, um tipo de amor que surge tão rapidamente como se esvai. Muitas vezes há mais desejo sexual, que é uma vontade de contato físico.
O desejo sexual normal, no dizer dos especialistas, é puramente o desejo de ter contato com o corpo da outra pessoa e do prazer que esse contato produz.
As atividades que têm esse objetivo, por exemplo, beijar, abraçar e acariciar sob certas condições, são qualificadas de sexuais.
 Joanna de Ângelis, no livro Sexo e Reprodução, volta à questão do amor, onde ela nos alerta que:
“Assim considerando, embora as vinculações entre o amor e o sexo, o amor verdadeiro e real está acima das manifestações sexuais, como atributo da misericórdia divina, na sinfonia das belezas com que a vida se expressa”.
Amor e suas formas
Entre o amor mais primitivo da fêmea que cuida de seus filhotes, atendendo aos impulsos de reprodução unicamente na época certa, por ocasião do cio, e o amor-síntese a que aludimos anteriormente, há uma infinidade de nuances e posições intermediárias.
Deveremos conhecê-las para compreendê-las, e assim evoluir mais rapidamente sem nos determos em concepções equivocadas ditadas pelos interesses e conveniências da época.
Entendamos que o amor sensual, embora lícito, é a base da escala, e que o amor espiritual a meta a ser atingida.
Um amor que abarque a tudo e a todos indistintamente. Ainda é muito para nós, é certo, mas chegaremos lá algum dia, pois estamos todos destinados a isso.

ADOLESCENTE, MAS DE PASSAGEM
(Um ensaio espírita sobre a adolescência e a juventude)
Paulo R. Santos

REFLEXÃO