domingo, 24 de novembro de 2013

VISÃO ESPÍRITA


O sucesso já alcançado é inquestionável, entretanto, é fácil observar o quão distante ainda se encontra do controle absoluto da Natureza e do conhecimento que permita prever todos os fenômenos do Universo. Na impossibilidade de controlar a Natureza, busca-se prever os eventos futuros, de forma a estar preparado para o amanhã.

Na tentativa de prever o futuro, a Humanidade se vale de inúmeros recursos: adivinhos, tarô, astrologia, ciência, etc. Como não podia deixar de ser, os Espíritos também são consultados na tentativa de obter revelações do futuro. O objetivo do presente artigo é traçar um paralelo entre as técnicas matemáticas usadas pela Ciência para prever eventos futuros e a Teoria da Presciência apresentada por Kardec.


TEORIAS DA PRESCIÊNCIA

Inúmeros são os fatos que comprovam que os Espíritos podem prever o futuro. Kardec apresenta a Teoria da Presciência com o objetivo de explicar como isso é possível.

A teoria reconhece que a previsão do futuro resulta geralmente da observação do presente, entretanto, algumas previsões relatam eventos que parecem não guardar relação com o hoje.

Com o objetivo de ilustrar a forma como as previsões se dão, Kardec propõe que se imagine um homem colocado no cume de um monte, a observar uma planície. Nela um viajor encontra-se no início de uma estrada. O viajor sabe que, caminhando, chegará ao fim dela, o que depende simplesmente de seus atos. Entretanto, desconhece os detalhes do caminho. Se for possível ao observador comunicar-se com o viajor, poderá transmitir informações que pertencem ao futuro do último.
  
 Emmanuel informa que os seres de sua esfera não conhecem o futuro, e que o porvir não está rigorosamente determinado, e só pode ser previsto em linhas gerais

 A teoria propõe a figura supracitada ocorrendo em escala maior. Os Espíritos são como o homem sobre o monte e os encarnados o viajor. Os Espíritos possuem acesso aos eventos futuros, porque, uma vez livres do corpo, podem utilizar todas as suas faculdades, ler os pensamentos do ambiente e lembrar de eventos ocorridos em outras vidas que refletirão no presente. A extensão e penetração de suas vistas dependerá da evolução moral e intelectual alcançada.

Quando são os encarnados que pressentem acontecimentos futuros, a teoria propõe que o fenômeno se dê durante a emancipação da alma, quando podem atuar livremente como Espíritos, ou graças à inspiração proveniente de um Espírito. Kardec reconhece que a Teoria da Presciência não resolve todos os casos que se possam apresentar. Contudo, deve-se reconhecer que estabelece as bases para o estudo da previsão do futuro.
  
PREVISÃO DO FUTURO E O PLANO ESPIRITUAL

André Luiz, ao apresentar as atividades desenvolvidas pelos Espíritos encarregados de elaborar os Planejamentos Reencarnatórios, informa que são feitos planos com o objetivo de propiciar aos Espíritos que retornam à carne as condições ideais para sua próxima existência.

Os Espíritos, encarregados de elaborar os planos, analisam o passado e identificam as necessidades e os recursos que permitirão melhor aproveitamento das oportunidades da futura existência. Pode-se concluir que suas atividades são baseadas em previsões, uma vez que Emmanuel informa que os seres de sua esfera não conhecem o futuro, e que o porvir não está rigorosamente determinado, e só pode ser previsto em linhas gerais.

Como observadores sobre o monte, munidos de poderosas lunetas, esses Espíritos valem-se de Modelos que permitem prever de que forma cada reencarnante age perante as situações futuras. É possível que os Modelos utilizados sejam uma versão mais elaborada e eficiente do que os usados pela ciência atual.

 MODELOS CIENTÍFICOS PARA A PREVISÃO DE EVENTOS FUTUROS

Todos os dias, previsões meteorológicas são usadas para definir viagens ou os períodos ideais para o plantio e colheita de determinadas espécies; bilhões são investidos, baseados nas previsões de analistas de mercado. Tudo graças aos profissionais que se especializam em criar técnicas para prever o futuro.

As técnicas usadas para realização de previsões tiveram sua origem no século XIX, quando no meio científico vigia o Determinismo Científico. Os adeptos do Determinismo Científico postulavam que, se em um determinado momento, fosse possível conhecer as posições e velocidades exatas de cada partícula do Universo, as Leis da Física deveriam ser capazes de fornecer o estado do Universo em qualquer momento do passado ou do futuro.

O que seria possível através da criação de Modelos Matemáticos Determinísticos, que nada mais são que um conjunto de equações e inequações matemáticas, organizadas de forma que, ao serem inseridas as condições iniciais do sistema sob análise, seja possível obter as condições em um momento desejado. Os Modelos Determinísticos são úteis para certas situações, como pequenos sistemas físicos do nosso cotidiano. Entretanto, apresentam limitações. Demonstra-se que pequenas variações nas condições iniciais podem causar grandes perturbações na condição final. Por isso, os Modelos Determinísticos são inadequados quando não é possível definir as condições iniciais com boa precisão.

O golpe final nos Modelos Determinísticos ocorreu no início do século XX, com o avanço da Física Quântica. Para compensar as limitações das técnicas determinísticas, foram desenvolvidos Modelos Probabilísticos. Através desses Modelos, conhecendo a velocidade exata de uma partícula, é possível definir suas posições mais prováveis ou a probabilidade de uma determinada posição ocorrer.

Os Modelos Probabilísticos mostraram-se úteis em outros setores do conhecimento humano. Por exemplo, atualmente um Modelo Probabilístico auxiliou na definição das metas e consumo de energia elétrica estabelecidas pelo Plano de Contingenciamento do Governo Federal, afetando diretamente a vida de boa parte da população brasileira.

A Humanidade parece longe de estabelecer um modelo que permita prever todos os eventos do futuro de uma pessoa, mas já dá os primeiros passos nessa direção.

 HIPOTÉTICO MODELO PARA PREVER O FUTURO

Supondo que os Espíritos usem um Modelo para prever eventos futuros, é possível imaginar algumas de suas características. Um hipotético Modelo para previsão do futuro, seja de um indivíduo ou de um grupo, precisará considerar integralmente as Leis Naturais, isto é, as Leis da Física, as Leis Morais e a forma como estas se relacionam.

O livre-arbítrio obriga o uso de um Modelo Probabilístico que terá como dados de entrada: o histórico de eventos vividos pelos indivíduos em questão e os meios nos quais estiveram e estão inseridos. Os eventos passados serão ponderados de acordo com a intenção (pensamento e sentimento) associada a cada evento.
  
 Se fosse possível conhecer as posições e velocidades exatas de cada partícula do Universo, as Leis da Física deveriam ser capazes de fornecer o estado do Universo em qualquer momento do passado ou do futuro.

 O Modelo fornecerá como saída um conjunto de cenários associados às suas probabilidades de tornarem-se reais. Quanto mais informações forem fornecidas ao Modelo e quanto mais próximos forem os cenários desejados, maior a precisão das previsões obtidas.

Como nenhum Espírito possui todas as informações relativas à história de um indivíduo e à sua natureza íntima, todos os cenários obtidos podem ocorrer, uns com maior chance e outros com menor. Se, em um exercício de imaginação, Deus, que tudo sabe e a todos conhece de forma íntima, fornecesse os dados de entrada do Modelo, a saída seria um único cenário.

 CUIDADOS RELATIVOS ÀS PREVISÕES DOS ESPÍRITOS

Os Espíritos ensinam que o futuro em princípio é oculto e só em casos raros e excepcionais permite Deus que seja revelado. Se conhecesse o futuro, o homem negligenciaria o presente e não obraria com liberdade.

Deus permite que o futuro seja revelado quando o seu conhecimento facilite a execução de uma coisa. O conhecimento do futuro pode ser também uma prova, para verificar se um indivíduo mantém seu comportamento mesmo sabendo o amanhã. Os Espíritos são enfáticos ao afirmar que se deve desconfiar de todas as previsões que não tiverem um fim de utilidade geral e que as previsões individuais podem quase sempre ser desconsideradas.
  
CONCLUSÃO

Muito ainda precisa ser estudado sobre a previsão do futuro, contudo, não se deve perder de vista que prever o futuro só se faz necessário devido à incapacidade de controlá-lo.

O Espírito que busca o domínio de si mesmo, que se esforça no sentido de domar suas más tendências e de ter todos os seus atos dedicados a Deus, não precisa prever o seu futuro, pois sabe que graças à Lei de Causa e Efeito tudo o que viverá será conseqüência de seus bons atos.

Aqueles que atuam no bem se valerão dos recursos de previsão do futuro como uma ferramenta para aumentar sua capacidade de fazer o bem.

Por: Gustavo Henrique Rodrigues

Fonte:Revista Reformador (junho 2002

Divorcio e Espiritualidade


O divórcio é uma prática muito antiga. No tempo de Moisés, era permitido ao marido repudiar qualquer uma de suas mulheres (a mulher era propriedade do marido) e lhe passar uma “carta de divórcio” por qualquer motivo. Antes, o adultério da mulher era punido com a lapidação (apedrejamento) e Jesus queria evitar essa calamidade.
Tal como Jesus, também achamos que o divórcio pode ser um recurso a ser acionado para se evitar um mal maior. Pode ser uma medida contra o suicídio, homicídio, agressões e outras desgraças. Apesar de não dever ser estimulado ou facilitado, às vezes deve ser usado como recurso, não como solução.
Houve uma época, aqui no Brasil, em que o divórcio foi tema de acirrada polêmica. Uma verdadeira disputa político-religiosa. De um lado os antidivorcistas e, de outro, os pró-divorcistas. O projeto tramitou no Congresso Nacional, cheio de “lobbies”, com ampla discussão, enorme repercussão e finalmente foi aprovado. Depois, regulamentado por lei, foi colocado em prática. Passou a ser fato consumado, sem despertar mais interesse para discussões. No entanto, o seu mérito e as repercussões familiares precisam continuar a ser enfocados.

Compromisso com a evolução

O casamento será sempre um instituto benemérito, acolhendo, no limiar, em flores de alegria e esperança, aqueles que a vida aguarda para o trabalho do seu próprio aperfeiçoamento e perpetuação. Com ele, o progresso ganha novos horizontes e a lei do renascimento atinge os fins para os quais se encaminha. Ocorre, entretanto, que a Sabedoria Divina jamais institui princípios de violência e o espírito, conquanto em muitas situações agrave os próprios débitos, dispõe da faculdade de interromper, recusar, modificar, discutir ou adiar, transitoriamente, o desempenho dos compromissos que abraça.
Em muitos lances da experiência, é a própria individualidade, na vida espiritual, antes da reencarnação, que assinala a si mesma o casamento difícil que enfrentará na vida física, chamando a si o parceiro ou a parceira de existência pretérita para os ajustes que lhe pacificarão a consciência, à vista de erros perpetrados em outras épocas. Reconduzida, porém, à ribalta terrestre e assumida a união esponsalícia que atraiu a si mesma, ei-la desencorajada à face das dificuldades que se lhe desdobram à frente. Por vezes, o companheiro ou a companheira voltam ao exercício da crueldade de outro tempo, seja através de menosprezo, desrespeito, violência ou deslealdade, e o cônjuge prejudicado nem sempre encontra recursos em si para se sobrepor aos processos de dilapidação moral de que é vítima.
Compelidos, muitas vezes, às últimas fronteiras da resistência, é natural que o esposo ou a esposa, relegado a sofrimento indébito, valha-se do divórcio por medida extrema contra o suicídio, o homicídio ou calamidades outras que complicariam ainda mais o seu destino. Nesses lances da experiência, surge a separação à maneira de bênção necessária e o cônjuge prejudicado encontra no tribunal da própria consciência o apoio moral da autoaprovação, para renovar o caminho que lhe diga respeito, acolhendo ou não nova companhia para a jornada humana.
É óbvio que não é lícito, de maneira nenhuma, estimular o divórcio em tempo algum, competindo a nós, encarnados, tão somente nesse sentido, reconfortar e reanimar os irmãos em luta nos casamentos de provação, a fim de que se sobreponham às próprias suscetibilidades e aflições, vencendo as duras etapas de regeneração ou expiação que pediram antes do renascimento no plano físico, em auxílio a si mesmos. Ainda assim, é justo reconhecer que a escravidão não vem de Deus e ninguém possui o direito de torturar ninguém, à face das leis eternas.
O divórcio, pois, baseado em razões justas, é providência humana e claramente compreensível nos processos de evolução pacífica.
Efetivamente, Jesus ensinou que “não separeis o que Deus juntou” e não nos cabe interferir na vida de cônjuge algum, no intuito de afastá-lo da obrigação a que se comprometeu. Ocorre porém que, se não nos cabe separar aqueles que as Leis de Deus reuniu para determinados fins, são eles mesmos, os amigos que se enlaçaram pelos vínculos do casamento, que desejam a separação entre si, tocando-nos unicamente a obrigação de respeitar-lhes a livre escolha, sem ferir-lhes a decisão.
Assim, devemos, antes de qualquer decisão precipitada, entender que no lar se cumpre a lei da reencarnação, como se fosse um filtro sagrado a depurar-nos das paixões em que nos enredamos em passado próximo ou remoto.
A Lei do Amor nos estimula. Se o casamento, contudo, revelar-se difícil, problemático, convém saber que tal situação decorre de nossas próprias necessidades evolutivas e é produto de nossa própria escolha.
Por vezes, contudo, o casal perde a coragem e o gosto pela vida a dois e, não raro, um ou ambos voltam a se ferir, seja na crueldade, na violência, no desespero ou na deslealdade. Quando tal situação se apresenta, é natural que um dos cônjuges recorra ao divórcio, para evitar outras consequências ainda mais comprometedoras e dolorosas.
Os filhos do casal, se houver, poderão sofrer. Contudo, se a criatura prejudicada pela guerra instalada no lar tiver a aprovação da própria consciência, nada impedirá que ela renove o seu caminho após o divórcio, buscando nova companhia.
Reflita, contudo, com muita prudência diante do casamento assaltado por dificuldades, para saber se, com um pouco mais de tolerância, um tanto mais de paciência, o casamento não poderia ser sustentado. Evite, se houver a separação, de utilizar os filhos do consórcio como armas contra o outro cônjuge, a fim de pervertê-los em seus sentimentos mais profundos.
Reexamine-se antes de tomar a decisão definitiva da separação, ponderando se a angústia e o sofrimento dentro do lar não são reflexos de nós mesmos.
Lembre-se de que a vida é, em essência, processo de evolução e, por isso, o lar não deve ser desfeito debaixo de nossos impulsos primários, de nossas queixas e lamentações.
Cada cônjuge é herdeiro de si mesmo. O lar é sempre um educandário.
Antes da separação, contra a qual não se opõem as Leis Divinas, reflita se o companheiro ou a companheira do lar não é a alma de que você mais necessita para se superar.

Escrito por Magaly Sonia Gonsalez 
Artigo publicado na Revista Cristã de Espiritismo, edição 10.